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quarta-feira, julho 05, 2006 

A degradação dos quadros dos Laboratórios do Estado

Na página 18 dos anexos do relatório do Grupo Internacional está uma interessante tabela que mostra a degradação dos quadros dos Laboratórios do Estado nos últimos anos. Na carreira de investigação, há vagas para 328 pessoas que saíram dos laboratórios e nunca foram substituídas.




Nem vao ser, pois o plano tecnologico e so demagogia.

Também acho que não, mas é porque não existem candidatos com qualidade e CV apropriado.Nem existem mecanismos apropriados para seleccionar os melhores. Os Juris dos concursos nos moldes actuais funcionam de forma vergonhosa e seleccionam sempre o candidato já previamente escolhido. Os Juris são formados sempre pelos investigadores que já lá estão, o que é caminho inteiro para perpetuar a mediocridade!!
Bem sei que no novo Estatuto da Carreira de Investigação, os Juris podem ter elementos estrangeiros, mas que eu saiba, nunca vi nenhum a participar neses juris. E esse articulado do ECI foi severamente criticado pelos nossos investigadores, pois os estrangeiros "não compreendem as particularidades do nosso país"...

Antes as vagas por ocupar do que ocupadas com inuteis. Sempre se poupam umas massas aos nossos bolsos de contribuintes.

O milagre da multiplicação dos investigadores:

Qual é o número de investigadores dos laboratórios do estado? 15003 como foi publicado no Público de 1 de Julho, 1996.7 como está na tabela anexa ou menos ainda? Do relatório Contzen: http://www.mctes.pt/docs/ficheiros/GIA_report_May2006.pdf ; Na tabela 11 (pag 17 do Appendix 1) pode ver-se que os bolseiros foram contados como investigadores, e como são 365 nos laboratórios do estado, talvez o número mágico 1996.7 devesse ser reduzido para 1631. Depois há também o pequeno problema de assistentes estagiários também serem contados como investigadores, são outros 148.
Na tabela 4 (pag. 8 do Appendix 1) do mesmo relatório, indica-se que há diversos laboratórios em que a actividade de I&D representa apenas 50% do total de despesa. Este parece ser o cerne da questão não devia ser a I&D é o core business dos laboratórios. Quem avalia as outras actividades?

É certo que muitos investigadores mais velhos fizeram curriculum em tempo de vacas gordas e facilidades estatizantes, publicando principalmente na "Gazeta das Aldeias". Muitos há, no entanto esforçados, dedicados a coisas relevantes a bem da qualidade de vida dos seus concidadãos e publicando frequentemte ao nível dos melhores do Mundo. São menos que os outros e não perdem tempo a passear papeis pelos corredores. Estes últimos muitas vezes são bolseiros ou da base da carreira. Os primeiros fazem número com os muitos contínuos e pessoal auxiliar, que em hordas de bata branca, bebem cafés se descrevem constantemente como oprimidos e sabem na ponta da língua o seu rol de direitos laborais e sindicais. Normalmente, é com os que trabalham mais e bem (mas muitas vezes nem sequer recebem atempadamente ou existem na secretaria), que os chefes ávidos de sobrevivência na baixa política dos funcionários superiores, contam constantemente para fazer boas figuras ante secretários de estado. Claro está, os que trabalham, são aqueles com que se pode contar e são sobrecarregados de mais trabalho. São tansos, de certo modo.

Existe também uma mais ou menos declarada oposição aos Laboratórios de Estado por parte da Universidade. Mor de exacerbado prestígio que auferem na sociedade portuguesa, no meio da investigação nacional, a Universidade olha com desconfiança ou tenta subjugar os Laboratórios. Paralizados por falta de meios (humanos e financeiros) muito abaixo do suficiente, acumulando relíquias impróprias da lógica do mundo científico actual, constantemente denegridos pelas universidades, muitas vezes vêm os seus projectos sistematicamente não-aprovados. Mais, a magra estrutura que possuem não os permitiria gerir de qualquer modo. Sobrevivem aqueles que se associam aos exterior.

Sairam, em tempos, grandes cientistas dos Laboratórios do Estado. Ainda os há, mas a maioria é o eterno "estagiário", eufemismo na boca dos escrevedores da Gazeta, para designar alguém que, mesmo nos quarenta e muitos, tem um eterno estatuto precário, não aparece nas listas de antiguidade e na cabeça deles não conta. Compensação só a têm quando os seus pares nos congressos internacionais, que de nada disto sabem ou lhes interessa, os tratam com o respeito merecido, habituados a verem o nome deles nas mais exigentes revistas científicas Magra compensação, que não paga as prestações da casa ou a escola dos filhos e leva muitos a mandar tudo às urtigas, fartos da sua marginalidade,num país cientificamente marginal.

Caro “assento” tenho a maior consideração pela geração mais nova e pelo papel que têm tido nas condições difíceis dos últimos tempos. È dramático que não existam condições de desenvolvimento de carreira para quem termina o doutoramento. É verdade que noutros tempos tudo era mais fácil, nos LE e nas Universidades. Outra coisa muito diferente é utilizar os números como tem sido feito. Que sentido tem juntar às estatísticas um instituto (IM) sem publicações. Será justo somar bolseiros e investigadores para empolar o número. Como é nos centros financiados pela FCT? Os BIC, bolseiros de projectos, estudantes de mestrado e de doutoramento também são contabilizados como investigadores ou são só os doutorados?

Ainda acreditam em CV's? Em titulos académicos?
Essa conversa faz-me lembrar a velha história da direita vs esquerda.

"Don't believe half of what you think"

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