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segunda-feira, julho 03, 2006 

Produtividade e laboratórios do Estado
















Um leitor enviou-nos esta tabela que compara a produtividade dos investigadores dos diversos Laboratórios do Estado. E acrescentou: "Se o Nuno Barradas (que comenta no post "18 patentes em cinco anos") publica 10 artigos por ano em revistas com 'peer review', e se a média no INETI é de 1,25 artigos em cada 5 anos, então ele tem 40 vezes mais produtividade do que os seus colegas no INETI. Quer isto dizer que alguém não está a trabalhar como deve ser lá para os lados do Paço do Lumiar..."

Acho que finalmente alguem teve coragem em assumir que I&D na função pública é um total desperdício de verbas, não tem competitividade mundial, não tem enquadramento actual, e é um modelo do antigamente. Leia-se "antiga União Soviética".

É importante lembrar que um modelo de auto-sustentação das unidades de I&D é cada vez mais presente pelo mundo fora e que cada vez mais existe uma visão utilitária da Ciência e Tecnologia e cada vez menos dependente do Estado. A lógica do “fundo perdido” é e tem sido sempre o mior inimigo do desenvolvimento e da competitividade nacional. Qualquer que seja a estratégia nacional, há que haver coragem em ser selectivos. Penso que o futuro passa por financiar instituições altamente especializadas e de reputação internacional, onde a excelência académica seja mundialmente reconhecida. Do mesmo modo dever-se-ia privilegiar o financiamento a instituições que procurassem uma óptica de “matching funds” com a indústria, que desta forma as obrigaria a desenvolver competências em criação de propriedade intelectual de modo a atrair empresas de qualidade.

Ora....segundo eu acho o INETI, o seu objectivo e a sua organização é uma antítese total do que se pretende para desenvolver uma cultura de inovação e competitividade. Pois então extinga-se o INETI pelo bem da nação, das nossas finanças e das nossas empresas....!!

A avaliação dos investigadores simplesmente com base no número de artigos publicados levou à proliferação de grupos de investigação especializados em "Encher Chouriços" !!! O mais importante em Ciência é o número de IDEIAS CRIATIVAS e não o número de chouriços enchidos !! O sistema de avaliação baseado no número de artigos é por isso muito falivel.

E, já agora, o caro leitor pode propor uma maneira eficiente e justa de quantificar/determinar a quantidade de ideias crEativas produzida pelos ilustres investigadores dos laboratórios de estado (e dos outros, já agora!!), de modo a que se possa avaliar, segundo este critério das ideias crEativas, a sua produtividade??

Até pode ser que afinal tenhamos os melhores investigadores do mundo, em ideias crEativas...

Reconheço que não há, infelizmente, nenhum método fiável de avaliar a creatividade. Por isso, a avaliação com base no numero de artigos continua a ser o método menos mau de avaliação. No entanto, como referi no meu comentário anterior, é preciso ter-se a noção de que tal método é muito falivel e não deve ser seguido cegamente. Se assim fosse, alguém como por exemplo Einstein, que ao longo da sua vida publicou muito menos artigos do que o investigador médio da actualidade, seria hoje considerado um mau investigador!!!

Eu chamaria a vossa atencao para este local onde se fala acerca da avaliacao http://www.dfg.de/aktuelles_presse/reden_stellungnahmen/download/self_regulation_98.pdf
Obrigado,
Paulo

http://www.dfg.de/
aktuelles_presse/
reden_stellung
nahmen/
download/
self_regulation_98.pdf

Para quem se interessa pelo assunto, podem dar uma vista de olhos num debate iniciado pela NATURE à cerca do sistema peer review (http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/index.html).

Acrescento que há outras actividades científicas que não se conseguem avaliar com publicações e que os LE executam, por exemplo, apoio à produção de legislação e definição de políticas sectoriais.

São os números:
CIÊNCIA & TECNOLOGIA; PRINCIPAIS INDICADORES ESTATÍSTICOS 2003 (http://www.oces.mctes.pt)

Número de publicações em 2001=4386; investigadores (ETI) em 2001= 15002; rácio em 2001 em Portugal =0.29 publicações por investigador e por ano!

Conclusão metade dos laboratórios de estado publica mais que a média nacional!

O problema dos 15000 investigadores e que se esta a contar bolseiros, como sendo investigadores, e os bolseiros nao estao em nehuma carreira de investigacao. Falo em bolseiros de doutoramento e bolseiros de pos-doutoramento, porque os outros bolseiros de investigacao de acordo com a Unesco http://www.uis.unesco.org/ev.php?
URL_ID=5218&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201
Nao deviam contar como investigadores. Mas como em Portugal se faz praticamente tudo para aldrabar estatisticas, nao sei.....

Sendo Investigador no INETI creio que não me compete discutir sequer se vale a pena manter este Instituto ou fechá-lo "tout-court"...
sendo que a segunda versão é seguramente mais à Portuguesa, mais tipo "a culpa morre solteira", fecha-se a coisa e pronto... pois mantê-lo exigiria uma purga interna entre as equipas e Investigadores...

[já agora, quem é que, já na idade da razão, arrogantemente, se auto-intitula "cientista" neste sector (de Investigadores) que nos pede diariamente humildade e auto-crítica?]

...que produzem mais-valia mensurável para o País, seja sob a forma de artigos - já agora não basta publicá-los, conta um pouco mais o número de referências que suscitam... - seja sob a forma de apoio ao tecido empresarial nacional?

Sobre este particular, importa referir que, em algumas áreas de actividade do INETI
o número de contratos com as enmpresas e respectivas receitas são tão elevados, que os Investigadores nem conseguem tempo para publicar...
factor esse primordial para a sua avaliação e progressão, pelo que se pode concluir que, para servir o País se estão a prejudicar em termos pessoais. Estranho, não é?

A pergunta é: de quem é a maior culpa, do Estado e Direcções sucessivas (sempre por nomeação política, diga-se...) que não despediram ou não convidaram a sair quem não produzia, que não quiseram ou souberam organizar a casa, ou dos Investigadores que, por vezes a suas próprias expensas, mantiveram nesta casa, actividades de I&D e assistência ao tecido empresarial em sectores emergentes, por que assim acreditavam estar a defender o interesse nacional?

É tão fácil falar de fora com base em notícias de jornais!

Criar riqueza nacional na área da Inovação, olhar para a I,D&D como principal factor do desenvolvimento económico de um País (e não de "show-off" científico...) isso sim, é um pouquinho mais difícil. Além disso, usa-se pouco por cá...

Viva o INETI e os seus investigadores que "que, por vezes a suas próprias expensas, mantiveram nesta casa, actividades de I&D e assistência ao tecido empresarial em sectores emergentes, por que assim acreditavam estar a defender o interesse nacional !!!!"

E Viva o Scolari!!

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