Produtividade e laboratórios do Estado
Um leitor enviou-nos esta tabela que compara a produtividade dos investigadores dos diversos Laboratórios do Estado. E acrescentou: "Se o Nuno Barradas (que comenta no post "18 patentes em cinco anos") publica 10 artigos por ano em revistas com 'peer review', e se a média no INETI é de 1,25 artigos em cada 5 anos, então ele tem 40 vezes mais produtividade do que os seus colegas no INETI. Quer isto dizer que alguém não está a trabalhar como deve ser lá para os lados do Paço do Lumiar..."
Acho que finalmente alguem teve coragem em assumir que I&D na função pública é um total desperdício de verbas, não tem competitividade mundial, não tem enquadramento actual, e é um modelo do antigamente. Leia-se "antiga União Soviética".
É importante lembrar que um modelo de auto-sustentação das unidades de I&D é cada vez mais presente pelo mundo fora e que cada vez mais existe uma visão utilitária da Ciência e Tecnologia e cada vez menos dependente do Estado. A lógica do “fundo perdido” é e tem sido sempre o mior inimigo do desenvolvimento e da competitividade nacional. Qualquer que seja a estratégia nacional, há que haver coragem em ser selectivos. Penso que o futuro passa por financiar instituições altamente especializadas e de reputação internacional, onde a excelência académica seja mundialmente reconhecida. Do mesmo modo dever-se-ia privilegiar o financiamento a instituições que procurassem uma óptica de “matching funds” com a indústria, que desta forma as obrigaria a desenvolver competências em criação de propriedade intelectual de modo a atrair empresas de qualidade.
Ora....segundo eu acho o INETI, o seu objectivo e a sua organização é uma antítese total do que se pretende para desenvolver uma cultura de inovação e competitividade. Pois então extinga-se o INETI pelo bem da nação, das nossas finanças e das nossas empresas....!!
Publicado por Anónimo | 11:13 da manhã
A avaliação dos investigadores simplesmente com base no número de artigos publicados levou à proliferação de grupos de investigação especializados em "Encher Chouriços" !!! O mais importante em Ciência é o número de IDEIAS CRIATIVAS e não o número de chouriços enchidos !! O sistema de avaliação baseado no número de artigos é por isso muito falivel.
Publicado por Anónimo | 3:54 da tarde
E, já agora, o caro leitor pode propor uma maneira eficiente e justa de quantificar/determinar a quantidade de ideias crEativas produzida pelos ilustres investigadores dos laboratórios de estado (e dos outros, já agora!!), de modo a que se possa avaliar, segundo este critério das ideias crEativas, a sua produtividade??
Até pode ser que afinal tenhamos os melhores investigadores do mundo, em ideias crEativas...
Publicado por Anónimo | 6:38 da tarde
Reconheço que não há, infelizmente, nenhum método fiável de avaliar a creatividade. Por isso, a avaliação com base no numero de artigos continua a ser o método menos mau de avaliação. No entanto, como referi no meu comentário anterior, é preciso ter-se a noção de que tal método é muito falivel e não deve ser seguido cegamente. Se assim fosse, alguém como por exemplo Einstein, que ao longo da sua vida publicou muito menos artigos do que o investigador médio da actualidade, seria hoje considerado um mau investigador!!!
Publicado por Anónimo | 11:31 da manhã
Eu chamaria a vossa atencao para este local onde se fala acerca da avaliacao http://www.dfg.de/aktuelles_presse/reden_stellungnahmen/download/self_regulation_98.pdf
Obrigado,
Paulo
Publicado por Anónimo | 3:45 da tarde
http://www.dfg.de/
aktuelles_presse/
reden_stellung
nahmen/
download/
self_regulation_98.pdf
Publicado por Anónimo | 3:49 da tarde
Para quem se interessa pelo assunto, podem dar uma vista de olhos num debate iniciado pela NATURE à cerca do sistema peer review (http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/index.html).
Acrescento que há outras actividades científicas que não se conseguem avaliar com publicações e que os LE executam, por exemplo, apoio à produção de legislação e definição de políticas sectoriais.
Publicado por EJ | 5:05 da tarde
São os números:
CIÊNCIA & TECNOLOGIA; PRINCIPAIS INDICADORES ESTATÍSTICOS 2003 (http://www.oces.mctes.pt)
Número de publicações em 2001=4386; investigadores (ETI) em 2001= 15002; rácio em 2001 em Portugal =0.29 publicações por investigador e por ano!
Conclusão metade dos laboratórios de estado publica mais que a média nacional!
Publicado por Anónimo | 12:18 da manhã
O problema dos 15000 investigadores e que se esta a contar bolseiros, como sendo investigadores, e os bolseiros nao estao em nehuma carreira de investigacao. Falo em bolseiros de doutoramento e bolseiros de pos-doutoramento, porque os outros bolseiros de investigacao de acordo com a Unesco http://www.uis.unesco.org/ev.php?
URL_ID=5218&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201
Nao deviam contar como investigadores. Mas como em Portugal se faz praticamente tudo para aldrabar estatisticas, nao sei.....
Publicado por Anónimo | 11:03 da manhã
Sendo Investigador no INETI creio que não me compete discutir sequer se vale a pena manter este Instituto ou fechá-lo "tout-court"...
sendo que a segunda versão é seguramente mais à Portuguesa, mais tipo "a culpa morre solteira", fecha-se a coisa e pronto... pois mantê-lo exigiria uma purga interna entre as equipas e Investigadores...
[já agora, quem é que, já na idade da razão, arrogantemente, se auto-intitula "cientista" neste sector (de Investigadores) que nos pede diariamente humildade e auto-crítica?]
...que produzem mais-valia mensurável para o País, seja sob a forma de artigos - já agora não basta publicá-los, conta um pouco mais o número de referências que suscitam... - seja sob a forma de apoio ao tecido empresarial nacional?
Sobre este particular, importa referir que, em algumas áreas de actividade do INETI
o número de contratos com as enmpresas e respectivas receitas são tão elevados, que os Investigadores nem conseguem tempo para publicar...
factor esse primordial para a sua avaliação e progressão, pelo que se pode concluir que, para servir o País se estão a prejudicar em termos pessoais. Estranho, não é?
A pergunta é: de quem é a maior culpa, do Estado e Direcções sucessivas (sempre por nomeação política, diga-se...) que não despediram ou não convidaram a sair quem não produzia, que não quiseram ou souberam organizar a casa, ou dos Investigadores que, por vezes a suas próprias expensas, mantiveram nesta casa, actividades de I&D e assistência ao tecido empresarial em sectores emergentes, por que assim acreditavam estar a defender o interesse nacional?
É tão fácil falar de fora com base em notícias de jornais!
Criar riqueza nacional na área da Inovação, olhar para a I,D&D como principal factor do desenvolvimento económico de um País (e não de "show-off" científico...) isso sim, é um pouquinho mais difícil. Além disso, usa-se pouco por cá...
Publicado por Anónimo | 5:41 da tarde
Viva o INETI e os seus investigadores que "que, por vezes a suas próprias expensas, mantiveram nesta casa, actividades de I&D e assistência ao tecido empresarial em sectores emergentes, por que assim acreditavam estar a defender o interesse nacional !!!!"
E Viva o Scolari!!
Publicado por Anónimo | 7:13 da tarde